Qual é a repressão mais eficiente? Aquela que o dominador precisa derramar sangue pra manter o pessoal na linha ou aquela que o pessoal reproduz passivamente as idéias do dominador tendo a ilusão de ser plenamente livre?
A segunda é mais eficiete. Tão mais eficiente que é perigosa até para o dominador, pois esta, perpetuando-se para além da morte física do dominador, perdura sem que necesite de uma vontade para isso; domina seus sucessores e os subjuga a exercer uma dominação as vezes contra sua vontade, na medida em que ela o faz, por algum motivo infeliz, motivo este que ele não consegue identificar.
Mas a partir do momento em que o dominado pensa ser plenamente livre, não há dominação. A dominação é dominação enquanto, por um jogo de vontades e coações faz-se com que alguém aja a contra-gosto (mesmo que não consiga identifcar a origem deste contra-gosto). Uma vez que o incomodo não existe, não há dominação ou o problema da dominação pouco importa. Haveria ainda, é claro, jogo de forças e, caso fosse intencional, dirigido por calculos em prol de uma vontade, pode-se até falar de dominação, mas seria uma dominação pela sedução (a qual antecederia, provavelmente, uma dominação pelo educação, uma moldagem da faculdade do juizo).
Uma distopia de uma dominação absoluta e completa ausencia de critica (e de sentimento de revolta) só pode ser concebida de fora, aqueles que a habitam não podem considerá-la assim. Uma distopia não pode ser considerada uma completa dominação, mas — sempre da perspectiva de quem não a habita — a eliminação absoluta de um povo, de um grupo de pessoas, e a usurpação de seus corpos, de suas existencias biológicas, por um novo povo, talvez criado ao acaso, talvez meticulosamente planejado. (só é possível pensar assim ao se dissociar a existência do individuo da existencia biológica que o sustenta. cf Clube da Luta)
(Retirado da obra inédita e incompleta Análise da dominação para dominar: uma abordagem classista)=P
7 comentários:
a segunda, sim senhor. :P
é ela que mais dá medo, essa dominação silenciosa...
Qualquer tipo de repressão é escrota. A silenciosa é mais perigosa sim. Como um cancêr se apossando dos orgãos devagarinho...
Mas a com sangue dá um filme melhor! hahahaha
faz diferença?
A segunda é mais eficiete. Tão mais eficiente que é perigosa até para o dominador, pois esta, perpetuando-se para além da morte física do dominador, perdura sem que necesite de uma vontade para isso; domina seus sucessores e os subjuga a exercer uma dominação as vezes contra sua vontade, na medida em que ela o faz, por algum motivo infeliz, motivo este que ele não consegue identificar.
Mas a partir do momento em que o dominado pensa ser plenamente livre, não há dominação. A dominação é dominação enquanto, por um jogo de vontades e coações faz-se com que alguém aja a contra-gosto (mesmo que não consiga identifcar a origem deste contra-gosto).
Uma vez que o incomodo não existe, não há dominação ou o problema da dominação pouco importa. Haveria ainda, é claro, jogo de forças e, caso fosse intencional, dirigido por calculos em prol de uma vontade, pode-se até falar de dominação, mas seria uma dominação pela sedução (a qual antecederia, provavelmente, uma dominação pelo educação, uma moldagem da faculdade do juizo).
Uma distopia de uma dominação absoluta e completa ausencia de critica (e de sentimento de revolta) só pode ser concebida de fora, aqueles que a habitam não podem considerá-la assim. Uma distopia não pode ser considerada uma completa dominação, mas — sempre da perspectiva de quem não a habita — a eliminação absoluta de um povo, de um grupo de pessoas, e a usurpação de seus corpos, de suas existencias biológicas, por um novo povo, talvez criado ao acaso, talvez meticulosamente planejado.
(só é possível pensar assim ao se dissociar a existência do individuo da existencia biológica que o sustenta. cf Clube da Luta)
(Retirado da obra inédita e incompleta Análise da dominação para dominar: uma abordagem classista)=P
Em tempo: só o primeiro tipo de dominação eu chamaria de repressão.
bem observado harry
isso me lembra 1984 também.
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