quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O grande mote da cena underground sempre foi o de fazer música sem diretrizes mercadológicas impostas pelas gravadoras da grande indústria cultural. Ela se propunha a fazer arte nua e crua, que fosse oriunda do próprio artista e não guiados por um interesse externo; ela queria mostrar a independência e atitude no fazer artístico sob a égide do do it yourself.
O que vemos hoje é o contrário disso. O underground virou um grande negócio. Aquelas bandas indies que ainda não sucumbiram às tentações do mainstream seguem à risca uma cartilha de como fazer o som independente. O independente que se opunha a todos os tipos de estilização e classificação de mercado cai naquilo que se opõe. Surge, então, o estilo do não-estilo. Tudo que é igual por tentar ser diferente é jogado neste rótulo.

Resta apenas um bando de gente nostálgica utopiando em vão a volta e a recuperação daquela antiga perspectiva. Eles tentam ingenuamente sair das amarras dos estilos, ainda buscam uma música autêntica. Mas, na busca por espaço, o máximo que conseguem é uma inclusão ainda maior no mundo mercadológico. O underground agora é todo reunido no myspace esperando algum sucesso bater à porta.
Por outro lado, essa mania de independência traz outras consequências. Hoje é muito fácil dizer que é punk, arrotar o nome de um monte de bandas que seguem tal rótulo. É muito fácil dizer que é independente e seguir uma fórmula feita pra fazer música. Ser Punk e/ou Indie é só um meio pra parecer descolado e legal na rodinha.

5 comentários:

Paulo Yamawake disse...

Eu dedico este post ao ilustre Mekaru!

Mê, taí a minha parte daquele nosso trato. Talvez eu dedique coisa melhor pra você da próxima vez...

Harry disse...

Corrigindo meu comentário anterior.

Só há uma solução: Ouvir shakira e entrar no círculo de quem ouve shakira e ouvir leonard cohen. Depois defender o pop entre os indies, o indie entre os pops e não acreditar em nada que você fala(ou acreditar em tudo)

Paulo Yamawake disse...

De fato, pra manter a pose de bacana é preciso usar camiseta da banda descolada (e pouco conhecida) e arrumar uma excusa pra não acreditar em nada do que eu disse. =P

Anônimo disse...

Eu nem terminei de ler o texto porque se não ia esquecer o que estava pensando.
Isso que aconteceu com o Underground, o Indie, foi o que a gente percebeu melhor por causa da idade (acredito), mas não é inédito: o Hippie virou moda, virou artigo chique/descolado; o punk virou calça rasgada, bandas de três acordes ao estilo Jonas Brothers e bla bla bla.
De alguma maneira, o que o mercado faz é pegar aquilo que tem tido uma ascensão em algum momento e algum lugar e vender, sejam pirulitos, camisas em lojas de shopping e bla bla bla.
Não que os punks tenham comprado calças rasgadas ao invés de esperar que suas próprias rasgassem ou rasgassem propositalmente e tudo o mais, mas a gente vê muito mais 'punks de boutique' do que punks |m|, sacoé?
E isso acontece também, acredito, com as escolhas sexuais de algumas pessoas, que pra serem notadas, fazem opções "não convencionais" mas que desrespeitam tantas outras assim como não defenderiam essas posições na frente dos pais ou quaisquer pessoas que sentissem-se desconfortaveis e tal.

Ainda deve haver alguma banda com ideal... ok, eles têm gravadora, têm que obedecer algumas regras, mas se até músicas contra o regime militar conseguiram chegar aos ouvidos dos nossos pais e avós, não é possível que algo que saia do coração deles (ohhh) também não consiga passar pela Virgin ou qualquer outra ._.

Anônimo disse...

e só pra terminar
aheuianeuiahe
eu nem acho que a maioria da galera HOJE se importa com o que as bandas representam no cenário musical.
parece que não, mas com essa banalização de comportamento, estilo/moda e tal, já vi muitas meninas que gostavam de uma bandica emuxa de nada e que já apelavam no visual, no comportamento 'causante meu' só pra encaixar e 'ser diferente'.
Realmente, eu não sei diferente do quê, porque ali na roda, diferente sou eu com minhas havaianas, mas enfim, eles não gostam de ser iguais u.u~
E tal, esqueci OUTRA VEZ.